sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O PARTIDO DOS TRABALHADORES E NOCÕES DE POLITICA FRANCA - CONVERSA COM O PROFESSOR BRÁULIO WANDERLEY.

Em entrevista coletiva concedida aos alunos de uma universidade estadual baiana, o membro do Partido dos Trabalhadores de Petrolina (importante frisar: militante fiel), professor Bráulio Wanderley afirmou categoricamente: “Os princípios não devem cair”.

E foi sobre conchavos políticos, representantes eternos de legendas partidárias, cenário político nacional e regional (Vale do São Francisco) e Partido dos Trabalhadores que se conversou durante três horas numa sala abarrotada de alunos curiosos e um homem que entende do que fala.

Desde muito cedo, engajado na defesa da classe estudantil, foi membro de diretórios acadêmicos, participou de movimentos secundaristas no Recife. Filiado ao PC do B fez a escolha de ser marXista, e o é até hoje, como presidente do sindicato de professores de Petrolina e um dos “cabeças” do PT local.

Avesso à oligarquias, Bráulio criticou o lançamento da candidatura de mesmas figuras políticas, que na cidade de Juazeiro, especialmente abordada por ele, resume-se em dois nomes fortes e de oposição. Chamada de “fogueira das vaidades”, a cidade é palco de intrigas partidárias fervorosas e personalistas, onde um candidato só tem força devido a existência do outro e vice-versa. O povo (eleitores) cultua uma paixão por estas pessoas que as fazem esquecer de pedir por políticas publicas de melhoria.

Respondendo a perguntas sobre o escândalo Renan, a crise do Governo Lula e a atual configuração do PT, o professor não titubeou ao afirmar que:
1- Cassaria o Renan, que cavou a própria queda política;
2- O governo cometeu deslizes de ordem moral através de alianças, diria no mínimo curiosas, com membros de partidos de oposição declarada e assim permitiu que eleitores antes convictos da eficácia do governo, duvidasse de seu desempenho;
3- A falta de diálogo entre as diversas instâncias do partido (do presidente ao militante jovem) gerou uma hierarquia de poder que atrapalha o debate e a construção de reformas ideológicas, que segundo ele, fazem-se necessárias, tais como: resgate da unicidade , fim da exaltação de “celebridades” dentro do partido, reforço do ideal socialista, cargos de chefia rotatórios e democracia na hora da eleição de representantes, descentralização não só geográfica assim como cultural do partido (existem experiências ótimas de governos petistas fora do eixo Rio-São Paulo que passam despercebidas ao restante do partido). Criticou a pagina virtual do partido, que segundo ele não passa de um Diário Oficial paralelo da União, portal este que esqueceu de fazer comentários à morte do revolucionário esquerdista Che Guevara, por exemplo.

Apesar de haver comentado com muita certeza e sinceridade sobre todos os equívocos e erros cometidos ao longo destes últimos anos pelo partido da estrela vermelha, Bráulio Wanderley nos surpreende um momento, ao responder pergunta de aluna: “Por que acreditar no PT?”.

Ele acredita no partido porque lhe dá a liberdade de critica-lo, porque congrega pessoas das mais diferentes classes sociais e as minorias, porque é um partido que, ao contrario do que a opinião publica considera, ainda estranha as alianças não éticas, e num desfeche de depoimento limpo e franco, garante que “pode não ser o governo que eu esperava, mas é o partido que eu quero”. Mostrou que realmente, manter princípios são para poucos. E ponto.

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